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Desbravador da minha vida. Autor da minha história. Sou reticências.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Minha vó

O cheiro no cabelo dela me levava pela mão.
Me remetiu a lembrança de quando,com ela dormia,
em sua cama sempre bem forrada,macia,cheirando alfazema.
Ela armava suas armas. Aprontava o mosquiteiro,ascendia a vela e rezava.
Lembrei,rindo e chorando,de alegria e tristeza,numa nostalgia aguda,
de quando nos abençoava,beijando sua mão e nos curava com sua agua benta que morava no seu altar particular.
Hoje,tiveram tantas outras coisas que nem lembrei vó.
Mas tudo que vivo hoje me leva a você.
Me criou.
Criou seus filhos,seu netos,criou uma família inteira.
Sustentou o peso de ser mulher,esposa,mãe,avó.
Aguentou o fardo de ser forte e guerreira.
Agora o vazio que se instalou em nossas vidas,nos fazem egoístas, te querendo mais aqui.
Mas somos leigos,aos pensamentos de Deus.
Ainda não entendemos que na verdade a morte não existe.
Existe vida após a vida. E que agora voce ta mais perto do que antes.
Por enquanto estamos aqui,sobrevivendo,esperando essa viajem.
Para começarmos a viver de verdade.
Para te reencontrar sadia e feliz,
com seu vestido florido em meio as flores, e pedir sua benção.
Voce voou branda,como um passarinho,
cheirosa e serena,lívida e sorrindo.
E sendo assim foi acalmando nossa saudade,insistindo em ainda cuidar da gente.

Foi numa quarta feira,de uma tarde gris, aos 82 anos,que minha vó nasceu,
para viver mais.

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